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O Autor é uma Mulher
19/02/2017 :: CFCX no Mundo #04


Suécia, ano de 1944, em meio à Segunda Guerra Mundial, um casal parte em direção à América Latina. Uma jovem fotógrafa alemã, que migrara de seu país de origem aos 17 anos, pouco antes da guerra começar, embarcava naquela que seria a mais emblemática viagem para o fotojornalismo sueco.

Em uma época em que a mulher não era bem vista na profissão, por ser considerada, nas palavras do presidente do clube sueco de fotojornalismo, muito fraca e sensível para exercer a profissão, poucas foram as mulheres corajosas o suficiente para provar o contrário.

Para celebrar a obra dessas mulheres, estreou em Estocolmo, no Marabouparken, em 28 de janeiro, a exposição "Upphovsmannen är en Kvinna" (O autor é uma mulher), reunindo a história de carreira de três importantes fotógrafas: Alma Haag, Ellen Dahlberg (a fotógrafa alemã que mencionei acima) e Ragnhild Haarstad.



Alma Haag foi uma das primeiras fotógrafas da imprensa e muito provavelmente a primeira mulher na profissão no início de 1900. Ela foi enviada para fotografar uma variedade de eventos importantes, notícias e pessoas, visitas de Estado, visitas Reais, eventos desportivos, ambientes urbanos de Estocolmo, políticos, atores famosos e outros, mas nunca recebeu crédito das fotografias nas publicações. Durante seus mais de trinta e cinco anos no Dagens Nyheter (atualmente um dos maiores jornais da Suécia), ela viu a instituição crescer a partir de um punhado de funcionários até os anos cinquenta e trabalhou durante as duas guerras mundiais. Alma faleceu em 1979.



Apesar de ter escutado que seria impossível para uma mulher tornar-se fotógrafa, Ellen Dahlberg decidiu, na década de 1930, que essa era a profissão que queria. Em Estocolmo ela conseguiu um estágio com uma fotógrafa que na época era especializada em retratos. Mas logo ela percebeu que seu interesse real era a reportagem da sociedade e durante a década de 1940 ela passou a produzir imagens para alguns jornais e revistas da Suécia.

A série fotográfica do pós-guerra produzida por ela mostra a origem de algumas das matérias-primas mais comuns da América Latina e grande parte do que a Europa precisava para se recuperar depois da guerra.





Hoje, aos 96 anos, Ellen se refere aos dois anos que passou na América Latina como um conjunto de memórias daquele que talvez tenha sido seu mais importante trabalho. Andava com duas câmeras, "caso uma delas parasse de funcionar… E, claro, meu marido estava lá para carregá-las para mim".



Ragnhild Haarstad foi aprendiz do fotógrafo forense Edward Welinder. A exposição apresenta uma seleção de cenas de rua da década de 1950, além de diversas credenciais de eventos oficiais cobertos por ela ao longo dos anos. Quando ela recebeu um prêmio em um concurso de fotografia, veio também a passagem direta para um trabalho em tempo parcial como fotógrafo]a no jornal sueco Svenska Dagbladet (um dos grandes concorrentes do Dagens Nyheter mencionado anteriormente), apesar da forte oposição de ter uma mulher entre os colegas na redação.

Ragnhild trabalhou durante quatro décadas no jornal, sendo os últimos dez anos como editora de fotografia. A variedade de tarefas foi grande, muitos momentos históricos e políticos importantes, artistas e celebridades internacionais capturados pela câmera de Ragnhild.



Apesar da quantidade de atribuições, Ragnhild muitas vezes conseguiu encontrar algo surpreendente em pessoas já bem conhecidas como ela também tem a capacidade de destacar a singularidade do homem comum. Não raramente, há em suas fotografias uma tensão entre o dado sabido e a contradição de imagens que fazem o espectador parar e refletir.

Em 1971, Ragnhild Haarstad recebeu o prêmio Fotógrafo do Ano. 

Ela ainda é a única mulher a receber o prêmio.


Hej då och vi ses nästa gång!!

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Autor: Carregando
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